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L. fortunei no Brasil

O mexilhão-dourado (Limnoperna fortunei) é uma espécie de molusco bivalve introduzida no Brasil via água de lastro na década de 1990. Tendo em vista as características biológicas e ecológicas da espécie, bem como o ambiente favorável no país para a sua proliferação, o mexilhão-dourado se tornou uma espécie exótica invasora. A invasão biológica desta espécie tem causado impactos ambientais e econômicos, provocando alterações estruturais e funcionais nos ecossistemas e prejuízos às atividades humanas nas Regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e, por último, na região Nordeste devido a recente detecção na Bacia do Rio São Francisco.

IMPACTOS

A coluna d´água, além de ser ocupada por grandes densidades de larvas, sofre alterações quanto à transparência pela intensa atividade de filtração dos adultos, enquanto que os substratos duros, outrora ocupados por organismos epifaunais, são totalmente cobertos por aglomerados do mexilhão-dourado (recrutas e adultos), o qual aumenta a complexidade estrutural e qualidade destes habitats, devido a grande liberação de material orgânico por meio das pseudofezes. O apodrecimento de raízes de macrófitas emergentes pode reduzir a biomassa da vegetação marginal, ocasionando perda de habitat para forrageamento, reprodução e abrigo de algumas espécies de peixes e outros organismos  

MACRÓFITAS AQUÁTICAS E PERÍFITON

Dreissenidae invasores e o mexilhão-dourado, L. fortunei afeta indiretamente a comunidade macrófitas e de perifíton, acarretando no incremento de biomassa,. Estes efeitos se devem às alterações na qualidade da água, especialmente quanto à disponibilização de nutrientes por meio da liberação de fezes e pseudofezes

ORGANISMOS PLANCTÔNICOS

O mexilhão-dourado, afeta a comunidade fitoplanctônica e zooplanctônica, acarretando em decréscimo de densidades e biomassa, mudanças na composição e na produtividade. O impacto na estrutura da comunidade de fitoplâncton tende a ser grave, considerando que a presença de zooplâncton não tem efeito sobre o pastejo da maioria dos grupos de fitoplâncton pelo mexilhão-dourado, o qual se alimenta tanto do zooplâncton quanto do fitoplâncton ao mesmo tempo

FAUNA BENTÔNICA

L. fortunei afeta a comunidade bentônica marginal, acarretando no incremento de densidade e diversidade de organismos.Incrustrações sobre conchas de moluscos e bivalves têm afetado a estrutura e composição da taxocenose de bivalves de água-doce, sendo uma das ameaças à conservação de algumas espécies.  

ICTIOFAUNA

L. fortunei afeta a ictiofauna devido à maior disponibilidade de recursos, tanto para as larvas de peixes como para os peixes adultos. Muitos peixes mudaram seus hábitos alimentares atuando em outras guildas tróficas, resultando em ganho energético a estas espécies predadoras do mexilhão-dourado. Efeitos deletérios podem ser citados quanto às espécies de peixes, que ao se alimentarem de mexilhões sem aparelho bucal adaptado para triturar as conchas, sofreram ferimentos junto ao ânus devido à passagem das conhas, o que os tornou susceptíveis aos parasitas.

QUALIDADE DA ÁGUA

Populações do mexilhão-dourado diminuem as concentrações de matéria orgânica particulada na coluna d´água e elevam os teores de amônia, nitrato e fosfato, acarretando no aumento da relação Fósforo/Nitrogênio. Também causam o aumento da transparência da água, a diminuição do séston, do fitoplâncton e da produtividade primária. O mexilhão-dourado, afeta o ciclo de nutrientes no ambiente aquático clarificando a coluna d´água.

IMPACTOS ECONÔMICOS

Os impactos de ordem econômica afetam, sobretudo o setor elétrico, por meio da danificação de equipamentos e redução de eficiência da geração. Entre outros setores afetados podemos citar a pesca, a navegação, a piscicultura e a captação e tratamento de água

Geração de energia elétrica e reservatórios

A presença do mexilhão-dourado pode produzir danos estruturais aos equipamentos de resfriamento, grades, filtros, bombas, tubulações, bastidores, grelhas, telas, tanques de armazenamento, poços de bomba, túneis de entrada de água, instrumentação de monitoramento submersa, medidores de nível e paredões de concreto O intervalo entre as paralisações para a manutenção das turbinas de Itaipu foi reduzido após a invasão do mexilhão-dourado, gerando custos diários de US$ 1 milhão

Uma usina hidrelétrica de 120 MW afetada pelo mexilhão-dourado, com três unidades geradoras, pode ter custos diários de R$ 40.000,00 devido à parada de máquinas, sem contabilizar os custos de manutenção dos equipamentos e remoção das incrustações  

Captação, tratamento e distribuição de água

A captação de água enfrenta grandes problemas com o entupimento de válvulas, bombas e grades diminuindo o fluxo de entrada. A distribuição de água para as estações de tratamento também fica prejudicada devido ao entupimento das tubulações. O organismo invasor ainda apode entrar na estação de tratamento  onde ao morrer em decorrência do processo de tratamento, gera resíduo orgânico que deve ser removido.

Aquicultura e pesca

A produção aquícola em tanques redes é afetada pelo molusco, o qual cresce nas redes e demais superfície metálicas do tanque, acarretando a deterioração do material, da qualidade da água, diminuição do fluxo dentro dos tanques, aumento do peso dos tanques, queda na produção, mortandade de peixes e diminuição da vida útil de todo o aparato.

Navegação e hidrovias

Danos estruturais também são vistos nas eclusas, tanto em superfícies metálicas quanto no concreto. Além disso, os barcos constituem um importante vetor de dispersão nestas hidrovías. A transposição de bacias aumenta a conectividade entre corpos hídricos invadidos e não invadidos, aumentando o risco de dispersão via transporte aquaviário, nos quais o bivalve invasor pode ser transportado tanto fixo ao casco de embarcações como em tanques de armazenamento de água  

Sistemas de irrigação, devido às condições de infraestrutura, são um importante fator de risco na colonização de L. fortunei. Como já é o caso em outros países, com outros bivalves invasivos, os danos causados pelo entupimento de tubos, bombas, escotilhas e filtros são numerosos.

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O Mapa do Mexilhão dourado no Brasil, coleta as informações oferecidas pelos órgãos oficiais brasileiros e também os registros obtidos pela Ecowater Technologies.
Os círculos com alerta vermelho referem-se a cidades ribeirinhas com alto risco de invasão de sistemas de abastecimento de água potável. Este mapa será atualizado a cada quinze dias.

Clique no mapa para ver a invasão por setores

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